O Apocalipse de 2012 – E como pará-lo

Continuando a pesquisa sobre eventos de meteorologia espacial que afetam a vida em nosso planeta, especialmente os efeitos sobre o eletromagnetismo que é a base de nossa atual civilização, traduzi uma matéria publicada na revista Wired.com que aborda o tema de forma bem simples e direta.

O Apocalipse 2012 – E como pará-lo

Para a especulação assustadora a respeito do fim da civilização em 2012, as pessoas geralmente se tornam seguidoras das profecias Mayas crípticas, e não cientistas. Mas isso foi exatamente o que um grupo de pesquisadores formados na NASA descreveu em um relatório frio emitido no inicio deste ano sobre o potencial destrutivo das tempestades solares.

Intitulado “Severe Space Weather Eventes – Understanding Societal and Economic Impacts”, descreveu as conseqüências da liberação de ondas de energia por labaredas solares que poderiam interromper o campo magnético da Terra, sobrecarregando transformadores de alta tensão com grandes correntes elétricas e curto circuitando redes de energia. Tal catástrofe poderia custar aos Estados Unidos entre “1 e 2 trilhões de dólares no primeiro ano”, concluiu o relatório, e a “recuperação plena levaria entre 4 a 10 anos”. Isso, com certeza, seria uma fração dos danos globais.

Tchau, civilização

Pior ainda, o próximo período de intensa atividade solar é esperado para 2012, e coincide com a presença de um incomum grande buraco no campo geomagnético da Terra. Mas este relatório recebeu relativamente pouca atenção, talvez por causa das conotações super naturais de 2012. Os astrônomos maias supostamente previram que 2012 marcaria o calamitoso “nascimento da nova era”.

Se os Maias estavam ligados em algo, ou se isto se trata de uma coincidência, não se saberá por diversos anos. Mas de acordo com Lawrence Joseph, autor de “Apocalipse 2010: A Scientific Investigation into Civilization´s End”, “eu tenho perseguido este tópico por quase cinco anos, e não foi até que o relatório foi divulgado que isto realmente começou a me preocupar”.
Wired.com conversou com Joseph e John Kappenman, CEO da companhia de consultoria de danos eletromagnéticos Meta Tech a respeito da possibilidade do apocalipse geomagnético – e como pará-lo.

Wired.com : Qual é o problema ?
John Kappenman: Nós temos uma grande, rede interconectada que se estende ao longo do país. Através dos anos, cada vez mais se torna elevada a tensão adicionada a rede. Isto escalou nossa vulnerabilidade as tempestades geomagnéticas. Isto não é uma coisa nova. Elas provavelmente têm ocorrido desde que o Sol existe. Trata-se de apenas que não tínhamos o conhecimento que construir uma infra-estrutura que age mais e aproximadamente como antena para tempestades geomagnéticas.

Wired.com: O que você quer dizer com antena?
Kappenman: Grandes correntes circulam na rede, vindo a partir de conectores através de aterramento em grandes transformadores. Nós precisamos disto por razões de segurança, mas conexões de terra provem caminhos de entrada para cargas que podem interromper a rede.

Wired.com: Qual a sua solução?
Kappenman: O que nós estamos propondo é adicionar alguns pequenos e baratos resistores nas conexões à terra dos transformadores. A adição desta pequena resistência iria significativamente reduzir a quantidade de correntes geomagnéticas induzidas ao fluxo entrando na rede.

Wired.com: Como isso se parece?
Kappenman: Em forma simplificada, é algo que pode ser feito em molde de ferro ou aço inoxidável, do tamanho aproximado de uma máquina de lavar automóveis.

Wired.com: O quanto custaria?
Kappenman: Nós ainda estamos na fase de desenho conceitual, mas pensamos que será viável o custo de US$ 40.000 ou menos por resistor. È menos do que você pagaria pelo seguro do transformador.

Wired.com: E menos do que você desejaria pagar para fazer o seguro da civilização.
Kappenman: Se você está falando sobre os Estados Unidos, existem aproximadamente 5.000 transformadores a serem considerados para isso. A “Eletromagnetic Pulse Comission” – Comissão de Pulso Eletromagnético – o recomendou em um relatório enviado para o Congresso no ano passado. Nós estamos falando de aproximadamente $ US$ 150 milhões ou próximo. É muito menor do que o grande esquema de coisas envolvidas. Grandes linhas de transmissão de potência e subestações podem tratar de todos os outros desafios ambientes conhecidos. O problema com as tempestades geomagnéticas é que nós nunca o entendemos como uma vulnerabilidade, e nós temos um código de projeto que os leva em consideração.

Wired.com: Isto pode ser feito a tempo?
Kappenman: Eu não estou dentro do campo que dá como certo que uma grande tempestade ocorrerá em 2012. Mas devido ao tempo, é certo que uma grande tempestade ocorrerá no futuro. Eles aconteceram no passado e acontecerão novamente. Estes eventos ocorrem aproximadamente a cada 400 anos. E não significa que acontecerá em 2012. È como se apenas estivesse para ocorrer na próxima semana.

Wired.com: Você considera coincidência que os Maias previram o apocalipse na data exata que os astrônomos afirmam que o Sol irá alcançar um período de máxima turbulência?
Lawrence Joseph: Eu tenho enorme respeito pelos astrônomos Maias. Isso me diminui a inclinação de considerar isto como coincidência. Mas eu recomendo que as pessoas verifiquem o que os Maias profetizaram e o que é dito a respeito. Eu fui a Guatemala e passei uma semana com dois shamans Maias que gastaram 20 anos conversando sobre as profecias com outros shamans. Eles confirmam que os Maias realmente vêem 2012 como um grande ponto de mudanças. Não o fim do mundo, não o grande desligar dos céus, mas o nascimento da quinta era.

Wired.com: Não será um grande desligamento do céu exatamente como descrito no relatório?
Joseph: O líder do workshop da NASA foi Dan Baker no Laboratório para Física Atmosférica e Espacial. Alguns de seus comentários e os comentários aprovados no relatório são muito fortes a respeito de conexões potenciais entre as ejeções de massa coronal e as redes de potência elétrica na Terra. Existe uma relação direta entre como a tecnologia sofisticada uma sociedade tem e quanto ruim poderia ser os estragos. Esta é a mensagem meta do relatório.
Tive a grande sorte de na semana passa me encontra com John Kappenman em MetaTech. Ele me levou a uma apresentação meticulosa de duas horas sobre justamente o quão vulnerável a rede elétrica é, e como se torna mais vulnerável cada vez que as tensões são mais elevadas através da rede. Ele as vê como uma grande antena para explosões de meteorologia espacial.

Wired.com: Por que é tão vulnerável?
Joseph: Transformadores de tensão ultra elevada se tornam mais exigentes conforme as demandas de energia aumentam. Em torno de 50 por cento já podem agüentar a corrente a qual eles foram projetados. Um pequena corrente extra entrando em horas aleatórias podem levá-los acima do limite.
Os transformadores de 500.000 e 700.000 Kilovolts, são particularmente vulneráveis. Os Estados Unidos usam mais destes do que qualquer outro. A China está tentando implementar alguns transformadores de milhões de kilovolts, mas não estou certo se já estão em operação.
Kappenman também aponta que quando os transformadores explodem, eles podem ser reparados no campo. Geralmente elem não podem ser reparados como um todo. Atualmente, existe um atraso de tempo de um a três anos entre o pedido e a entrega de um novo.
De acordo como Kappanman, existe ainda um plano não testado de inserção dos resistores de aterramento nas redes de potência. Isto torna a manipulação mais complicada, mas aparentemente não é algo que os operadores de redes de distribuição não possam lidar. Não estou certo se ele diria que poderiam ser colocados no lugar até 2012, assim como é difícil estabelecer padrões, as facilidades são geralmente reguladas com base em cada Estado. Você teria um arvoredo legar a tratar. Mas continua ainda ser possível tomar algumas medidas de proteção até o próximo clímax solar.

Wired.com: Por que nós não podemos simplesmente desligar a rede quando vemos uma tempestade chegando, e iniciá-la novamente depois?
Joseph: Os operadores das redes de distribuição agora se baseiam em um satélite chamado ACE, que se posiciona aproximadamente a um milhão de milhas fora da terra no que é chamado de campo potencial de gravidade (campo de gravidade ao redor de um grande corpo celeste), o ponto de equilíbrio entre o Sol e a Terra. Foi desenhado para rodar por quinze anos. Já está com onze anos, e está perdendo seu combustível, e não existem planos para substituí-lo.

O ACE prove entre 15 a 45 minutos de antecipação aos operadores das plantas de potência de que algo está chegando, Eles podem derivar cargas, ou desligar diferentes caminhos da rede. Mas apenas o desligar da rede e seu reinício é uma proposição de US$ 10 bilhões, e existem várias resistências para fazê-lo. Muitas vezes estas tempestades atingem o pólo norte, e não se movem ao sul de forma suficiente para nos atingir. É uma chamada difícil a ser feita, e alarmes falsos realmente assustam as pessoas. Muito dinheiro é perdido e danos incorridos. Mas na visão de Kappenman, e vários outros esta queima de tempo pode realmente significar queima.

Wired.com: Você vive sua vida de forma diferente agora?
Joseph: Eu tenho acompanhado este tópico por quase cinco anos. Não foi até a divulgação deste relatório que realmente comecei a me preocupar. Até este ponto, eu acreditava firmemente que a possibilidade de 2012 ser catastrófico de alguma forma seria interessante investigar. O relatório o tornou um pouco mais real. Este documento não deve ser ignorado. E foi escrito mesmo antes do satélite THEMIS ter descoberto um buraco gigante no campo magnético da Terra. Dez ou vinte vezes mais partículas estão vindo através desta ruptura que o esperado. E os astrônomos predizem que a forma que a polaridade do Sol irá se inverter em 2012 irá apontar exatamente para o caminho que não queremos em termos de invadir o campo magnético da Terra. Isto é perturbadoramente um conjunto de coincidências.

Wired.com: Se Barack Obama disse, “Vamos nos preparar”, e se não existem empecilhos burocráticos, poderemos estar preparados em tempo?
Joseph: Eu acredito que sim. Eu pediria ao presidente para adicionar ao pacote de estímulos, fundos já apropriados para as redes inteligentes, que se espera aprimorar a eficiência, e ajudem a transferir grandes energias em picos de tempo. Existe um esquema de trabalho lá. Trabalhando com isso, você poderia levantar algum dinheiro para o programa dos resistores de aterramento, e se estes testes funcionarem, tiver o momento inicial de cortar a fita vermelha. Seria um lugar para começar.

Fonte:
http://www.wired.com/wiredscience/2009/04/2012storms/#previouspost



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Engenheiro Eletrônico, trabalha na área de TI e Telecomunicações e é aficcionado por tecnologia, e a prática da radioescuta
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