O mais longo mínimo solar dos últimos 50 anos

Muito se fala nos meios científicos sobre os eventos possíveis que originam o aquecimento global, e também, em paralelo, muitos institutos de pesquisa que estudam as condições de propagação das ondas de rádio e seus impactos nas telecomunicações, sobre o papel determinante do SOL estando no centro destes eventos.

Lendo alguns artigos publicados nos meios científicos a respeito dos fenômenos solares, observa-se que ainda existe muita polêmica em relação a estes temas (propagação ionosférica das ondas de rádio e aquecimento global). O artigo abaixo foi publicado em 2008 e fala sobre a heliosfera e o ciclo solar atual, que tem participação ativa no sistema da magnetosfera terrestre.

O fato é que a propagação das ondas de rádio, especialmente em Ondas Curtas, objeto central da radio difusão internacional e regional, ainda está extremamente irregular, reflexo direto dos fenômenos solares em curso.

Fonte :
http://www.sciencenews.org/view/generic/id/36764/title/Lowdown_on_the_sun

A cada 11 anos, o Sol entra em calmaria. As tempestades solares ocorrem em menor freqüência e a intensidade do vento solar, o fluxo de partículas carregadas emitidas pelo Sol entra em declínio. Mas recentes observações através de missões espaciais descobriram a verdadeira razão da diminuição: O ciclo solar mínimo atual é o menor – e um dos mais longos – registrados nos últimos 50 anos, desde que os modernos registros começaram.

Este período de baixa atividade solar já durou seis meses mais que o último mínimo solar, que aconteceu em 1994 e 1995.

O presente estado do Sol sugere que a heliosfera – a vasta, cavidade magnética protetora formada pelo vento solar – foi temporariamente encolhida. Este declínio permite que mais raios cósmicos prejudiciais entrem no sistema solar e torna mais arriscado para astronautas viajarem para acima da própria proteção da terra, uma bolha magnética menor, ou magnetosfera.

Representação no Espaço da Heliosfera

Estas descobertas podem também levar nova luz à origem do vento solar. A baixa pressão do vento solar, combinado com outros estudos que mostram atividade magnética solar reduzida, sugerem que o vento não é apenas guiado e moldado pelo campo magnético solar global, mas também é por ele potencializado, segundo David McCommas do Instituto de Pesquisas Soythwest de San Antonio, Texas.

McComas e seus colegas descrevem as descobertas em 18 de setembro online na Geophysical Research Letters. Junto com físicos solares, incluindo Ed Smith do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, Califórnia, McComas também detalha as descobertas durante uma apresentação à imprensa por telefone em 23 de setembro.

A pressão do vento solar e a intensidade de seu campo magnético no presente solar mínimo “são em geral baixos sempre, pelo menos desde que a era espacial se iniciou à 4 ciclos solares atrás”, declara Smith. Como em um pneu apenas parcialmente inflado, a pressão menor sugere que a bolha da heliosfera não está tão grande como costuma ter sido. Isto vem de encontro a descobertas recentes pela venerável espaçonave Voyager 2, agora viajando fora do sistema solar.

“Este mínimo extreme tem importantes implicações para o dínamo da atividade solar e talvez mesmo para o clima terrestre“, comenta o físico solar Spiro Antiochos do Centro de Vôo Espacial Goddard da NASA em Greenblet. O dínamo é a nuvem dos movimentos de gás dentro do Sol que gera o campo magnético do Sol.

Devido ao campo magnético no mínimo solar agir como a semente para o próximo mínimo, “pode ser que o próximo ciclo seja menor, o qual pode ter efeito de esfriar a meteorologia terrestre”,afirma Antiochos. “Parece haver evidencia de uma correlação entre a falta de atividade solar e o esfriamento da Terra”. Tal esfriamento foi observado durante um período estendido de rara baixa atividade solar aproximadamente 300 anos atrás conhecido como Mínimo Maunder.

Muito dos novos dados vieram da espaçonave Ulysses da Nasa, lançada em 1990 e foi a primeira a voar acima dos polos solares. Agora apenas dois meses de seu leito de morte, quando seu combustível de hydrazina se congelar, Ulysses descobriu que o vento solar polar tem apenas ¾ de intensidade de uma década atrás, durante o último mínimo solar.

Mais ainda, outras espaçonaves que mediram o vento solar perto do equador solar mostram declínios similares, demonstrando que o fenômeno envolve o Sol inteiro, destaca McComas.

Se a calmaria continuar, as espaçonaves Voyager 1 e Voyager 2, já fora dos limites do sistema solar, poderiam alcançar o limite extremo do sistema solar um ano ou dois antes que as estimativas atuais de 2010 a 2020, destaca Smith. Isto porque os limites da helioesfera são também o limite do sistema solar. Entretanto, acrescenta Smith, “se espera que a pressão aumente novamente tão logo a atividade solar aumente, e assim, levará os limites do sistema solar a mover para mais longe novamente”.

A Voyager 2 recentemente encontrou uma região chamada “choque de terminação” , onde o vento solar bate no espaço interestelar, a uma distãncia aproximada de 83,7 UA do Sol. (1 UA é a média da separação Sol-Terra) Isto é 10 UA mais próxima do Sol que quanto a nave Voyager 1 encontrou o choque de terminação em 2003, sugerindo que a heliosfera foi inclusive encolhida no anos intervenientes.

Uma missão chamada Interstellar Boundary Explorer (Exploração dos Limites Interestelares), agendada para ser lançada em 19 de outubro, pode se beneficiar mais da helioesfera encolhida. A partir da órbita próxima da Terra, a missão poderá mapear os limites do sistema solar através da detecção de átomos originados fora da heliosfera.

Esta missão poderá observar a forma da heliosfera “em vôo” assim que o vento solar cresça mais forte e infle novamente a bolha, comenta Scott McIntosh do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas de Boulder.



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Engenheiro Eletrônico, trabalha na área de TI e Telecomunicações e é aficcionado por tecnologia, e a prática da radioescuta
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