Radiobrás desenvolve tecnologia para aumentar vida útil de válvula de transmissores

Brasília, 25 (Agência Brasil – ABr) – Dentre as observações de Issac Newton está a de que “a necessidade é a mãe de todas as invenções”. Popularmente, esse pensamento equivale ao adágio: a necessidade faz o sapo pular. Grandes idéias normalmente brotam de situações adversas, como ocorreu na Radiobrás. A constante queima de uma válvula dos transmissores da Rádio Nacional, que obrigava a remanejamentos na programação e na improvisação de alguns instrumentos, levou os engenheiros da empresa a desenvolver um resfriador que aumenta a vida útil da válvula.

Esse equipamento ganha em importância quando se verifica que essa válvula importada da França custa R$ 70 mil e, funcionando no antigo esquema, tem vida útil aproximada de três mil horas. Com o sistema de resfriamento desenvolvido pelos engenheiros Eumar Paes Nascimento e José Henrique Eichlar a expectativa é de que a mesma válvula opere sem problemas por 50 mil horas.

O ponto chave desse sistema é o resfriamento por condensação forçada. Como explica o professor Aldo João de Sousa, do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília (UnB), consultor do projeto, quando válvulas desse tipo estão em funcionamento, um terço da potência é dissipada em calor, aumentando a temperatura nos transmissores. No modelo convencional, o resfriamento é feito com água que, após passar pelo sistema aquecido, evapora, sobe e dissipa, tudo de forma natural e sem controle.

Com a nova tecnologia, a água entra no sistema, absorve parte da temperatura e sai, ainda em estado líquido. O sistema é constante, as bombas que promovem a circulação da água devem ser ligadas antes dos transmissores, assim, a temperatura interna nos transmissores é controlada, mantendo-se inferior a 56° Celsius. Um dos três transmissores em ondas curtas da Rádio Nacional já funciona com o novo resfriador há mais de mil horas.

O desejo de aumentar a vida útil das válvulas vem desde a instalação dos transmissores, em 1978. Entretanto, somente há dois anos a idéia se concretizou. Além da supervisão da UnB em termodinâmica e dinâmica dos fluídos, o projeto contou com o apoio da Richardson, maior fornecedora de componentes eletrônicos do mundo. A empresa norte-americana forneceu R$ 70 mil em materiais, enviando, ainda, técnicos para acompanhar o projeto. Pelos cálculos de Eumar, o custo de desenvolvimento do resfriador ficou em torno de US$ 50 mil.

O aspecto econômico também motivou os engenheiros da empresa a buscarem outras tecnologias. O retificador dos transmissores utilizava seis válvulas, cada uma delas orçada em US$ 8 mil e com vida útil estimada de 1500 horas. Os engenheiros montaram um retificador com componentes nacionais que dispensa o uso de válvulas. O equipamento tem o custo médio de R$ 50 mil e, segundo seus criadores, deve funcionar sem problemas por vinte anos.

O próximo projeto será a recuperação de válvulas moduladoras e de estágio final. “As válvulas têm custo muito alto para serem descartadas ao primeiro problema”, justifica o professor Aldo. O objetivo, explica Eumar, é adquirir tecnologia que possibilite estudar especificamente cada válvula, verificando o motivo de sua queima e analisando a possibilidade de recuperação do componente danificado. (Hebert França)

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Engenheiro Eletrônico, trabalha na área de TI e Telecomunicações e é aficcionado por tecnologia, e a prática da radioescuta
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