Telefonia do início do século XX e os dias atuais

Em visita a cidade histórica de Ouro Preto, uma precisosidade inenarrável, pela sua história viva, e seu patrimônio cultural inestimável, o passeio de trêm na região se torna imperativo. Andar pela estrada de ferro que há quase um século foi construída, sob caminhos de mato cuja desbravamento remontam ao século 18, e que compõe a Trilha dos Inconfidentes, parte integrante da história do Brasil, é uma experiência ímpar.

Poder conheçer as origens de nosso país, como República livre constituída, formada sobre o sangue e ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que levaram o Brasil ao caminho da independencia à Coroa Portuguesa, é uma experiência inesquecível, e que deveria receber mais ênfase no sistema de ensino de nosso país. Especialmente no ensino fundamental, que é onde se moldam com mais facilidade os alunos e onde se inicia a formação de cidadania, tão necessária e escassa hoje, a parecer em função dos atuais acontecimentos que acometem os poderes legislativo e executivo, como se estivéssemos vivendo à Derrama ou a sofrer dos “Quintos dos Infernos”.

E nessa cidade de arquitetura impressionante, construida por Mestres Pedreiros tão capazes a ponto de termos construções setecentistas tão rígidas e imponentes como se tivessem sido feitas à dias, no que se refere a grandeza e conservadas à ação do tempo de seus idos quase 300 anos, descobre-se alguns contrates muito interessantes.

A estrada de ferro, hoje operada pelo consórcio Ferroria Centro-Atlântico – FCA – conserva em museu em sua estação alguns artefatos que hoje passariam despercebidos pelos mais novos, que não tiveram seja pela idade, seja pela atual modernidade, a oportunidade de observar como eram as telecomunicações no ínicio do século XX.

Na estação da cidade de Ouro Preto, está exposto no museu algumas peças bem conservadas das composições utilizadas originalmente, chamadas de Maria-Fumaça, algumas ferramentas utilizadas, e especialmente, os aparelhos telefônicos utilizados então, á compor a operação da ferrovia e a incipiente área de telecomunicações introduzida no Brasil da época.

Telefone de Magneto fabricado pela Ericsson em 1920
Telefone de Magneto fabricado pela Ericsson em 1920 e utilizado na gare da ferroria

Nos idos de 1920, usavam-se telefones energizados a magneto, através de manivelas, que geravam até 200 Volts em corrente contínua, para sinalizar a operadora da estação telefônica, que queria-se a falar com alguém, e esta por sua vez, conectava cordões em um aparelho chamado de mesa telefônica, que concentrava quantos cabos existíssem quantas linhas telefônicas – por isso o nome de “mesa telefônica” resiste até os dias atuais nas modernas centrais Pabx – tinha também que girar a manivela, para gerar um sinal elétrico ao número destinado, de forma a se conectar o cordão no conector apropriado, e assim, interligar ambos os aparelhos para que iniciassem uma conversação.

Uma operação primitiva, incômoda, e que demandava esforços de terceiros, e sem privacidade às comunicações, de forma a se estabelecer uma simples chamada telefônica.

Telefone sem fio
Terminal sem fio “celular” fabricado pela Sony Ericsson em 2009 que além de diversas funções, pode ser usado inclusive como telefone

E hoje, sem amarras de fios, sem amarras do peso excessivo dos componentes eletro-mecânicos que eram o motor da comunicação – cuja base é a eletricidade, e que á o principal alicerce de nossa atual civilização – temos a telefonia celular, que entre outras facilidades, também permite-se falar de própria voz com alguém.

Acessar a Internet, utilizar o sistema GPS e os sistemas de mapa de navegação, ou acesar os mapas disponíveis em Websites de forma online, sem fio, receber mensagens de correio eletrônico advindas de todo o planeta, a velocidade que as fibras ópticas permitem, e a velocidades cada vez maiores pelas ondas de rádio até os terminal celular, trocar mensagens instantâneas com diversos usuários em tempo real, e ainda, contar com capacidade de processamento de informação que se equivale a um computador portátil, trata-se indubitavelmente de um contraste impressionante.

Trem da Vale do Rio Doce - Ouro Preto e Mariana
Trem da Vale do Rio Doce – Resgatando a memória de Ouro Preto a Mariana

Viajar de trem fazendo o percurso de Ouro Preto a Mariana, conhecendo seu acervo histórico, é literalmente uma viagem no tempo, não só na história da formação de nosso país, como também, na evolução tecnológica das telecomunicações.


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Engenheiro Eletrônico, trabalha na área de TI e Telecomunicações e é aficcionado por tecnologia, e a prática da radioescuta
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