Observatório Nacional – Hora Legal Brasileira – nas Ondas Curtas do Rádio em 10.000 kHz

Observatório Nacional - Rio de Janeiro
Observatório Nacional

A Divisão Serviço da Hora (DSHO) do Observatório Nacional (ON) tem como objetivos a Geração, Distribuição e Conservação da Hora Legal Brasileira (HLB), conforme Legislação Brasileira, bem como realizar Pesquisa e Desenvolvimento no campo da metrologia de Tempo e Freqüência.

Em conformidade com o Termo de Designação do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), a DSHO tem como atribuição a responsabilidade pela padronização de referência nacional das grandezas de Tempo e Freqüência, pela disseminação das suas respectivas unidades de medida, inclusive em apoio às atividades de acreditação de laboratórios por parte do Inmetro.

No início do ano captei acidentalmente as emissões do sinal horário brasileiro em 10.000 kHz, e prontamente, divulguei na lista “Radioescutas” – http://www.radioescutas.com – o áudio captado. Imediamente, diversos reportes de recepção foram confirmados ao longo do Brasil e até no exterior, porém, seguiram-se críticas a qualidade da modulação, e que gerou uma saudável discussão na lista. Como resultado, apresento um comunicado do Clube de Astronomia de São Paulo, e uma mensagem interessante de Denis Zoqbi, na defesa destas emissões experimentais.

Anúncio publicado na lista do DXCB http://www.radioescutas.com pelo Radioescuta Denis Zoqbi

Divisão Serviço da Hora – Projeto Estrutural

A Divisão Serviço da Hora (DSHO) do Observatório Nacional (ON) tem como objetivos a Geração, Distribuição e Conservação da Hora Legal Brasileira (HLB), conforme Legislação Brasileira, bem como realizar Pesquisa e Desenvolvimento no campo da metrologia de Tempo e Freqüência.

O projeto de reestruturação da Hora Legal Brasileira em desenvolvimento na Divisão Serviço da Hora do Observatório Nacional possui três metas. A primeira delas é a transmissão de sinais horários e freqüência padrão para todo o território nacional através de radiofreqüência. Desta forma, todo cidadão em qualquer parte do território nacional terá acesso a informação de hora. Diversas aplicações utilizando os sinais horários e a freqüência padrão, poderão ser desenvolvidas na industria. A segunda meta é implantar a rastreabilidade dos relógios mantidos em laboratórios secundários, que compõem a Rede Brasileira de Calibração (RBC), de forma remota e contínua aos padrões nacionais de tempo e freqüência mantidos na Divisão Serviço da Hora, utilizando-se do sistema GPS. A terceira meta é agregar os relógios atômicos da RBC na Escala de Tempo Atômico Brasileira.

No último dia 10 de Novembro de 2008, a equipe do DSHO passou a emitir os sinais horários do Observatório Nacional, na freqüência-padrão de 10.000 Khz (10Mhz), com estimativa de cobertura de ao menos 2/3 de todo o território nacional.

Embora estas transmissões estejam no ar em caráter experimental, registra-se a importância de sua manutenção para garantir que a aferição de Tempo e Freqüências-Padrão possam ser re-estabelecidas em âmbito nacional. Na cidade do Rio de Janeiro, o mesmo serviço está disponível na faixa de V.H.F, cuja sintonia pode ser feita em 166,530 e 171,130 Mhz. A potência irradiada em Ondas Curtas inicialmente é de 300 Watts e a transmissão em V.H.F. é de 21 Watts.

A Diretoria de Radioastronomia e Telecomunicações do Clube de Astronomia de São Paulo – CASP, estará monitorando junto à equipe do DSHO as transmissões da Hora Legal e Freqüência-Padrão do Observatório Nacional em todo o território brasileiro. Reportagens de escuta e informações sobre esta sintonia serão muito bem vindos e confirmados no que for possível.

As reportagens de sintonia devem ser enviadas preferencialmente por e-mail, contendo nome, localidade, horário da sintonia e equipamento de escuta, para o endereço eletrônico:

denis.zoqbi@astrocasp.com , com o Assunto “Observatório Nacional”. Caso preferir, os reportes podem ser enviados por carta para a Caixa Postal 12.622 São Paulo,SP. CEP 04744-970.

Com os nossos cumprimentos

Denis Gomes Zoqbi
Secretário-Geral
Clube de Astronomia

Ricardo José de Carvalho e Ozenildo Farias Dantas
Divisão do Serviço da Hora Legal
Observatório Nacional – Rio de Janeiro

Hora Legal Brasileira- Observatório Nacional - Rio de Janeiro 10.000 kHz
Ouça gravação da Hora Legal Brasileira- Observatório Nacional – Rio de Janeiro 10.000 kHz

Receptor Kenwood R2000 e R5000
Gravação efetuada com receptor Kenwood R2000 acoplado a uma antena vertical externa para PX a poucos quilômetros do Observatório Nacional
Mensagem publicada na lista do DXCB http://www.radioescutas.com pelo Radioescuta Denis Zoqbi em resposta a críticas em relação a qualidade das transmissões do sinal do Observatório Nacional

Amigos,

Em especial retorno ao e-mail do Adalberto, quero comentar que reconheço que muitos de nós, enquanto dexistas, lastimam inclusive eu, da precariedade o serviço do Observatório Nacional, e todas as queixas são objeto de pura razão.

Adalberto, eu reconheço e entendo o seu ponto de vista e certamente sei que não me coloco pessoalmente em momento algum como porta-voz do ON, justamente porque não o sou, apenas somos colegas de trabalho congêneres, sendo eu um Astrônomo, e eles um Instituto de Pesquisa.

Antes que meçam minhas palavras, quero comentar que nesta manhã, eu liguei mais uma vez para a Direção do Serviço da Hora e fiz cópia novamente, como sempre o fiz, de todos os e-mails que vocês relataram sobre as ocorrências, do que funciona e não funciona, inclusive reportando o fato de que inicialmente eles responderam prontamente a inúmeros reportes de escuta e tardiamente deixaram de sequer retornar os e-mails enviados.

O fato de que a resposta que eu recebi muito cordialmente daqueles funcionários que trabalham no ON, dentro e fora do DSHO é basicamente o seguinte:

1. Todo o serviço foi colocado no ar em caráter experimental e ocasional como foi deixado claro desde o primeiro momento de emissões, que aconteceu já no mês de novembro. Os técnicos envolvidos, físicos e pesquisadores colocaram cada qual suas necessidades e problemáticas e a direção do ON que responde diretamente ao órgão superior, Ministério de Ciência e Tecnologia –
MCT, providenciou os insumos necessários para colocar o Transmissor Collins disponível no ar. Transmissor este que por sinal estava em Brasília-DF e foi levado ao RJ por gentileza e apoio militar, porque não havia verba disponível só para transportar equipamentos deste porte naquela ocasião.

2. Um dos técnicos de manutenção, responsável pela aferição dos equipamentos e instalação deles no morro de São Cristovão, informou de imediato que a potência de 300 Watts foi aplicada porque em experiência, com antena bastante modesta e em fase experimental, nada justificaria colocar 5 KW de sinal no ar sabendo que o equipamento poderia ser ligado e desligado várias
vezes num único dia, por exemplo.

3. Sobre o canal de uso de 10 Mhz, é fato embora não seja de conhecimento, que trata-se de uma frequencia de uso astronômico, de aplicação exclusiva aos centros de física e astronomia e justamente por isso, todos os institutos de pesquisa em Astrofísica usam seus equipamentos neste canal (2,5, 5, 10, 20 e 40 Mhz) – 10 Mhz não é faixa de radiodifusão e sim, de serviço utilitário e o detentor de uso deste canal não existe, é apenas de aplicação governamental. Tanto é, que respondendo a outro e-mail, a Anatel não habilita o ON, tampouco o INPE, a ABIN e os Cindactas ou serviços congêneres porque existe uma legislação específica para isso, e somente em caso de interferência extrema ou problemas técnicos é que ocasionalmente, o Minicom pode acionar a Anatel para que algo seja fiscalizado. Eles não precisam daquela licença de radioamador, como conhecida por nós, ou ter que apresentar Indicativo de Chamada, porque não se trata de serviço público
como o radioamadorismo.

4. Reconheço que existe um interesse instrumental na escuta de sinais de WWV, CHU ou qualquer outra estação que mantenha seus sinais no ar, mas ao mesmo tempo, o uso do canal em território é nosso e o único órgão que pode colocar qualquer sinal no ar, quando quiser, do jeito que quiser e da forma que quiser, é o MCT, seja pelo Observatório Nacional ou qualquer outro
Instituto de Física habilitado, justamente porque não se trata de radiodifusão e somente pesquisa. Mesmo as estações estrangeiras que conhecemos, são operadas por Universidades e Centros de pesquisa locais e podem ser colocadas e retiradas do ar à revelia, do jeito que seus governos quiserem, justamente porque o uso exclusivo desta faixa o permite. Para seu conhecimento, no meio astronômico, quase todos os centros de pesquisa aplaudiram a iniciativa de meros 4 funcionários em colocar o serviço no ar, porque existe um estímulo à pesquisa e a manutenção de uma atividade deste tipo no setor. Aplaude-se quem faz, seja como for e com as ferramentas que ele tiver.

5. Fora as dezenas de ligações que fiz ao RJ por causa deste serviço, grupos de astrônomos independentes já ofereceram ajuda e apoio, seja no custeio ou no investimento de material e mão de obra para que o DSHO seja realmente reabilitado, já que ficou quase inativo por 10 anos, mas o Observatório Nacional é um órgão independente, aceita parcerias ou convênios, ajuda ou
não, de acordo com seus próprios interesses e pelo menos até este momento, nenhuma resposta nos foi dada neste sentido infelizmente.

Fora estas justificativas que me foram feitas de forma muito amigável, com a ressalva de que estão trabalhando para resolver os diversos problemas, faço em especial um comentário meu sobre o fato:

Num país onde anestésico não existe em posto de saúde, uma consulta ao médico pode demorar meses/anos em diversas localidades, falta comida na mesa de muita gente, pobreza virou estatus de assistencialismo, acho que é cedo para fazer qualquer crítica que seja efetiva contra a manutenção do serviço do DSHO. Cedo, porque 4 pessoas tiveram a iniciativa de colocar um equipamento público, que um dia foi comprado com dinheiro público, e que estava guardado por falta de uso justamente para prestar um serviço de pesquisa à ciência e estas pessoas não pediram nada em troca. Eu adoro escutar WWV, tenho poucos QSL porque nunca fiz questão deles mas os que mais prezo são justamente os mais trabalhosos, desde WWV, a WWVB e Rugby, em 60 Khz, que foi uma verdadeira desgraça em conseguir, porque além de péssimos pagadores de QSL, a escuta num canal deste é infernal. O dexismo tem que ser praticado com prazer e mesmo com os problemas, temos que saber dosar as responsabilidades e principalmente o mérito de quem faz alguma coisa. Faço esta analogia por exemplo, àquela porcaria que chamam de Rádio Cairo, cujos
transmissores de origem soviética foram deteriorando e nunca viram um único centavo de investimento na sua manutenção. E ainda assim, naquele país pobre e miserável, onde o povo mora em cemitérios na grande Cairo por falta de moradia, existe um serviço que transmite seus programas em Português para o Brasil, que sequer está entre os 10 maiores visitantes estrangeiros do
mundo árabe. Eles devem receber as críticas como registro de que algo está errado, mas merecem também o meu aplauso por manter um serviço deste tipo no ar. E eu sou ouvinte fiel deles há anos, já me pagaram QSL s e presentearam até com pratos ornamentados e especiarias, inclusive porque tenho sangue árabe e para eles, é um prazer saber que em algum lugar, existe uma única
pessoa ao menos, que os esteja escutando. A BBC, com seus milhares de Libras em orçamento, nos esqueceu faz tempo, e nunca transmitiu sinal com ruído…

Eu acho que de alguma forma, todos nós somos entusiastas a nosso modo, gastamos nosso dinheiro com rádios e equipamentos de escuta, não ganhamos em momento algum, nada que financie este investimento, mas o prazer de escutar radio, de fazer a coisa acontecer, é impagável. Eu tenho certeza de que um dia, o ON pode não só ter sucesso na investida, como pode silenciar de vez
seus sinais, mas não nos cabe medir a questão, porque não é para os dexistas ou radioescutas que o sinal existe. Nós Brasileiros, fomos os mais felizardos dexistas que neste ano de 2008, escutaram Rádio Santa Helena no mundo inteiro.. dexistas do Canadá, Alemanha e Japão reportaram RSH com péssimo sinal, quase não escutaram nada, e nós do jeito que conseguimos, com
o equipamento disponível e quase que em bloco, demonstramos que sabemos fazer, e reportamos escutas da RSH de norte ao sul do Brasil. Logo, acho que o rádio tem muito a nos oferecer, do jeito que for, com a ferramenta que tivermos, do jeito que soubermos fazer. Pelo menos estamos fazendo alguma coisa.

Um grande abraço, certo de que bem ou mal, existe um caminho a ser percorrido,

Denis Zoqbi



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Engenheiro Eletrônico, trabalha na área de TI e Telecomunicações e é aficcionado por tecnologia, e a prática da radioescuta
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