RÁDIO E FAMÍLIA

Wilson Rodrigues

Nos contatos com os colegas praticantes do hobby da radioescuta e dexismo sempre percebo nos comentários de alguns, certo descontentamento com a família por não darem o devido valor ao seu hobby. Na verdade tal fato ocorre com outros tipos de lazer, passatempos, etc. Contrastando com um mundo de alta tecnologia, a ciência avançando cada vez mais, temos um mundo violento e a incompreensão das pessoas é muito visível.

O hobby do radioescuta e dexista é em geral praticado isoladamente, quando colocamos o fone de ouvido, ficamos isolados do mundo! Para aqueles que convivem conosco, esposas, filhos e pais, as vezes tal fato provoca um certo desconforto, pois as pessoas sentem-se menosprezadas! Felizmente a maioria não pensa assim.

Tenho observado a pouca participação de jovens solteiros nas nossas atividades, possivelmente, impedidos pelas namoradas que dão um ultimato ao jovem, ou chantageiam-os no afã de impedir a sua ausência.

Sempre gosto de comentar sobre um fato ocorrido aqui em minha cidade, com um amigo que era muito ligado ao radioamadorismo e ter o caso dele como um exemplo de “tragédia radial”. Este amigo tinha alguns equipamentos valvulados e usava diariamente nos momentos de folga. A esposa sempre via nos rádios um inimigo que lhe roubava boas horas da companhia do amado esposo. Ou ainda, lhe roubava a companhia do marido nas lidas domésticas, lavar louças, varrer a casa, limpar, limpar e limpar!

Observei ainda que a esposa do amigo não visse com bons olhos a minha presença periódica na sua residência: “Acho que você devia largar este negócio de rádio e gastar seu tempo com coisa que dá dinheiro, ou que seja mais útil a sociedade, como por exemplo um clube de serviços, ou alguma coisa filantrópica”, salientava ela!

E não deu outra coisa, ele acabou cedendo a pressão da esposa e filiou-se um clube de serviços e se afastou do rádio!

Um ano depois de ficar sem contato com o mesmo, encontro a esposa na fila de um banco e assim que iniciamos a conversa ela comentou muito chateada: “Não sei onde estava com a cabeça quando incentivei meu marido a largar o hobby que ele tanto gostava. No clube onde ele atuava se envolveu com bebidas, mulheres e tal fato quase o fez perder o emprego, hoje não escuta rádio nem no carro! Naquele tempo bastava eu estalar os dedos e ele vinha me atender!”

É uma pena que esta senhora tenha acordado tarde demais! O casamento é parceria, elo, amizade dentre outras coisas. Quando o rádio quebra este elo, temos que rever nossas posições. Também a idéia de duelar com a esposa fica definitivamente descartada! Mas ir para a sala assistir novelas só para agradar esposa está fora de cogitação! Cada macaco no seu galho. Ela com as novelas e eu com a BBC! Certamente a maioria das esposas se pudesse levantariam bandeiras gritando o tradicional: “Mulheres de dexistas, unidas jamais serão vencidas.”

As expedições, DX Camp, e outras atividades de rádio, são um verdadeiro manjar para todos rdioescutas e dexistas, ao passo que para as esposas e namoradas uma tentação que roubou a pessoa amada.

Sempre que se promove uma atividade, por mais simples que seja, como um encontro numa manhã no centro de São Paulo, por exemplo, imaginamos que muitos não compareceram por problemas de trabalho, financeiros ou outros similares. Mas sempre fica a dúvida se a ausência não foi provocada pela esposa que não abre mão de um dia para que quem ela chame de “bem” possa se reunir com os amigos. Certamente se fosse para ir para caso do sogro consertar a torneira, ela aplaudiria e até iria junto para agradar.

Aqueles que são mais antigos no DXCB sabem que a coordenação sempre procurou programar os eventos com bastante antecedência para que o pessoal possa se organizar para a atividade proposta! Infelizmente há pessoas que sempre encontram obstáculos em tudo. Há orquidófilos que nunca expuseram suas orquídeas, torcedores que nunca foram ao campo torcer pelo seu time, assim como dexistas que nunca foram a uma DX Camp, ou um encontro, mesmo quando tais eventos ocorrem próximos a sua região! Claro que deixamos claro que há situações em que realmente não dá para participar. Mas por toda uma vida, realmente não entendemos!

Um exemplo recente de vencer barreiras ocorreu com o amigo Luís Gauna, de Campo Grande-MS que aproveitando um serviço que acabara de realizar para a empresa que trabalha em vez de retornar da cidade de Juiz de Fora-MG para Campo Grande, se dirigiu para São Paulo, e de lá foi para Ilha Comprida participar do DX Camp. Aparentemente pode parecer fácil tal feito, só que o Luiz Carregava uma caixa de isopor enorme pesada e cheia de material perecível e com gelo, além de sua mala com objetos pessoais, mais um Transglobe. Imagine deslocar de ônibus, metrô, fazendo várias mudanças de itinerários! E no final voltar para São Paulo e de lá para Campo Grande! Certamente o Luís não tem o vírus do desânimo!

Este é um tema que ficaríamos discutindo por longo tempo e foge a nossa meta que sempre foi focar o rádio. Acho que os colegas que enfrentam problemas familiares com relação ao rádio, devem por sua parte mostrar de forma clara que o nosso hobby esta dentre um dos melhores do mundo. Convença sua família que ele é um hobby que embriaga sem beber, um esporte que não machuca, educa só ouvindo, não polui, é realizado dentro de casa e dentre outros, é muito barato pelos benefícios que proporciona. Quem sabe com uma boa conversa eles verão sua atividade com outros olhos!

DX Clube do Brasil


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Engenheiro Eletrônico, trabalha na área de TI e Telecomunicações e é aficcionado por tecnologia, e a prática da radioescuta
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