Rádio Voz da Republica Islamica do Irã

Nas Ondas Curtas da Guarujá Paulista

Por Sarmento Campos

Neste espaço dedicado aos aspectos culturais do rádio de ondas curtas, iremos falar um pouco sobre um país que tem constantemente ocupado os noticiários.

Localizado no berço da civilização humana, um país cuja história é muito antiga, e talvez, não tenhamos nem conhecimento ainda da sua amplitude e importância histórica.

Neste Momento Cultural, iremos fazer uma viagem a República Islâmica do Irã.

Radio República Islâmica do Irã

Achados arqueológicos tem posicionado o conhecimento da pré historia iraniana no meio da era paleolítica, há aproximadamente 100.000 anos atrás. As mais recentes culturas sedentárias datam de pelo menos 18000 anos atrás.

Esta nação antiga conhecida históricamente como Pérsia e em tempos antigos abrigava o grande império Persa, tem tido sua geografia alterada ao longo dos séculos. Invadida por diversos outros povos, e volta e meia se envolvendo em disputas com grandes potências – o Irã tem sempre ressaltado sua identidade nacional, e tem se desenvolvido como uma entidade política e cultural distinta.

Por sua posição geográfica estratégica, entre o Oriente e o Ocidente, e por suas riquezas naturais, o Irã foi alvo de diversas invasões ao longo de sua História, desde os antigos gregos, liderados por Alexandre, o Grande, passando por árabes, mongóis e turcos, até a Inglaterra. Este contato com outros povos proporcionou aquisições a adaptações culturais importantes, como a religião islâmica trazida pelos árabes, a medicina judaica e o uso do inglês como segunda língua.

O Irã é particularmente único. Ao lado do Iraque é um dos únicos países islâmicos de maioria xiita, e o único formado por arianos. Etnicamente, está entre árabes, asiáticos e indo-afegão-paquistaneses. O Tadjiquistão, único país além do Irã a usar o idioma farsi, é sunita, ou seja, faz parte da vertente majoritária do Islã.

No período de 6000 anos antes de cristo, a nação viveu uma sofisticada sociedade agrícola com centros de população urbana. Muitas dinastias governaram o Irã, a primeira delas foi a a ACHAEMENID por volta do ano 560 antes de cristo, fundada por Cirus o Grande.

A conquista do Irã no século 7 por árabes mulçumanos foi seguida por conquistas pelos Turcos e Mongois e TAMERLANE. O Irã passou por uma ascensão durante a dinastia SAFAVID no período dos anos 1502 a 1736, o qual a figura mais proeminente foi Shah Abbas. O conquistador Nadir Shah e seus sucessores foram seguidos pela dinastia Zand, fundada por Karim Kahn, e depois pelo Qajar durante o periodo de 1795 a 1925 e por fim, a dinastia Pahlavi entre 1925 e 1979.

A historia moderna do Irã começou com um levante nacionalista contra o Shah que remanesceu no poder em 1905, a garantia de uma constituição ainda que limitada em 1906, e a descoberta de petróleo em 1908.

Em 1921, reza khan, um oficial iraniano da Brigada COSSACA Persa, tomou o controle do governo. Em 1925, ele se autopoclamou Shah, governando como Reza Shah Phalavi por quase 16 anos e instalando a nova dinastia Pahlavi.

Durante seu reinado, o Irão começou a se moderniza e a secularizar sua política, e o governo central reafirmou sua autoridade entre as tribos e as províncias. Em setembro de 1941, a após a ocupação do Irã por seus aliados na época, o Reino Unido e a então União Soviética, o Shah foi forçado a abdicar. Seu filho, Mohammad Reza Pahlavi, se tornou Shah e governou até 1979.

Foi durante a Segunda Guerra Mundial, que o Irã se transformou em um link vital nas linhas de suprimento dos aliados para empréstimos de suprimentos a União Soviética. Após a guerra, as tropas soviéticas estacionaram no nordeste do Irã não apenas se recusando a se retirar, mas fomentaram revoltas e estabeleceram regimes separatistas de curta duração pro-soviéticos no Azerbaijão e Kurdistão. A revolta no Azerbaijão foi extinta depois da pressão exercida pelos Estados Unidos que forçaram a União Soviética a se retirar e as forças iranianas suprimiram a revolta no Kurdistão.

Em 1951, o premier Mohammed Mossadeq, um militante nacionalista, forçou o parlamento a nacionalizar a indústria de petróleo, até então controlada e explorada pela Inglaterra. Mossaded se opôs ao Shah e foi destituído, mas rapidamente retornou ao poder.

O Shah deixou o Irã mas retornou depois quando partidários contando com apoio dos Estados Unidos deram um golpe contra Mossadeq em agosto de 1953. Mossadeq foi então preso pelas forças armadas pró Shah. Em 1961, o Irã iniciou uma serie de reformas econômicas, sociais e administrativas que se tornaram conhecidas como a Revolução branca do Shah.

Em 1978, agitações internas abalaram o país como resultado de oposição política e religiosa ao regime do Shah e seus programas – especialmente contra a SVAK, o serviço interno de segurança e inteligência. Em janeiro de 1979, o Shah deixou o Irã, ele morreu fora do país alguns anos depois.

No mês seguinte, o líder religioso até então exilado Ayatollah Ruhollah Khomeini retornou da França para dirigir a revolução que resultou em uma república teocrática guiada por princípios Islâmicos. De volta ao Irã após 15 anos de exílio na Turquia, Iraque e França, o Ayatollah Ruhollah Khomeini se tornou o lider nacional religioso. Após a sua morte em junho de 1989, a Assembléia de Anciãos – que era um grupo eleito de clérigos seniores – escolheram como sucessor para presidente da república, Ali Khamenei, cuja transição no poder ocorreu de forma tranqüila.

O Irã entrou em guerra com o Iraque e o conflito durou oito anos e matou cerca de um milhão e meio de pessoas, e feriu muitas mais, gerando ainda, milhões de refugiados. Do lado iraquiano pereceram por volta de 375.000 pessoas, enquanto que do lado iraniano mais de 300.000, além dos milhares de mutilados No fim, nenhum dos motivos alegados para o início da guerra havia encontrado solução. As fronteiras entre os dois países permaneceram praticamente inalteradas.

A Revolução Islâmica e a guerra com o Iraque que aconteceu entre 1980 e 1988, transformou a classe política do Irã política, social e economicamente. De forma geral, a sociedade iraniana permaneceu dividida entre urbana, centro, vilas e grupos tribais. Os coléricos, chamados de Mullahs dominaram a politica e praticamente todos os aspectos da vida iraniana, tanto urbana como rural. Depois da queda do regime do Shah Pahlavi em 1979, muito da classe alta urbana composta por mercadores, industriais e profissionais liberais, favorecidos até então pelo Shah, perderam status e influencia para o clérigo senior e seus seguidores.

Os mercadores de bazares, que eram aliados do clérigo contra o Shah Pahlavi, também ganharam poder político e econômico desde a revolução. A classe trabalhadora urbana vivenciou algum incremento em status e mobilidade econômica, auxiliado em partes pelas novas oportunidades providas pelas organizações revolucionárias e pela burocracia governamental.

O desemprego, um dos maiores problemas no país mesmo antes da revolução, tem muitas causas, além do crescimento da população, a longa guerra com o Iraque provocou a escassez de matérias primas e falta de qualificação da mão de obra. Fazendeiros e agricultores receberam um grande auxilio psicológico através da atenção dispensada pelo regime islâmico mas ao que tudo indica houve melhoria significativa em termos econômicos . O governo tem feito progresso no desenvolvimento rural, incluindo eletrificação e construção de rodovias, mas ainda ao que parece não promoveu uma redistribuição de terras.

O Irã, com uma população estimada em 69 milhões de habitantes, tem por religião predominante o Islã, sendo que pelo menos 89% são Xiitas, que é a religião oficial do estado, e em torno de 10% pertencem a facção Sunita, que é predominante nos países islâmicos vizinhos. As minorias não mulçumanas incluem principalmente zoroastristas, judeus e cristãos.

Atualmente, está em voga na mídia a questão da guerra ao terrorismo, e considerando que durante a segunda guerra de ocupação do Iraque, o presidente dos Estados Unidos George Bush, afirmou que o Irã integra um suposto eixo do mal, isto tem atraido uma atenção particular para este país.

Ainda mais se observarmos as grandes reservas de petróleo do Irã, que são uma fonte importante de divisas para o país.

Recentemente, o Irã escolheu democraticamente seu novo governante, através do voto popular direto.

Saiba como sintonizar as transmissões da Radio Voz da República Islâmica do Irã
Freqüências da Rádio Voz da República Islâmica do Irã

Através da Rádio de ondas curtas, onde o Irã também marca presença, e também, através da Internet, na sua página em diversos idiomas, foi informado que o Líder da revolução Islâmica conduziu a nona eleição presidencial, e que esta, foi uma grande vitrine de dignidade, grandiosidade e lógica do povo do Irã.

O Ayatollah Seyed Ali Khamenei em um encontro com o Poder Judiciários após o término da eleição, afirmou que o comparecimento massivo para nação Iraniana demonstrou o progresso do sistema Islâmico de governo e demonstrou que a Revolução Islâmica está se revigorando na perseguição de seus objetivos elevados e com o apoio da população.

O Ayatollah também afirmou que o Irã desgraçou os seus inimigos através do pleito presidencial considerando que a presença entusiasmada da população anulou todas as conspirações. O líder também chamou a atenção para a participação de quase 30 milhões de votantes nas duas semanas consecutivas do primeiro e segundo turno

Como era de se esperar, a imprensa ocidental não deu a cobertura adequada deste importante acontecimento, em especial nesta região do mundo tão importante e complexa. O que se destacou, foram criticas ao presidente eleito Mahmoud Ahmadi Nejad’s taxando-o de ultraconservador além das críticas tradicionais contra o Irã, questionando por exemplo seu programa de desenvolvimento de energia nuclear com fins pacíficos, mas se observarmos bem, o presidente dos Estados Unidos também é ultraconservador e ligado a movimentos religiosos de ultradireita.

A guerra Irã-Iraque, pode nos ajudar a entender como a mídia pode construir a imagem de um aliado ou inimigo de acordo com os interesses do momento. Analisando o conflito após duas décadas, parece irônico que o inimigo que a potência hegemonica precisa ter para justificar o seu domínio e ações militares pode se transformar radicalmente.

Ronald Rumsfeld cumprimentando Saddam Hussein em visita ao Iraque
Ronald Rumsfeld cumprimentando Saddam Hussein em visita ao Iraque

Nós observamos que, após a Guerra do Golfo de 1991, Saddam Hussein se transformou, na mídia e no imaginário ocidental na mais completa personificação do “mal”, sendo diversas vezes comparado a ditadores como Hitler e sendo chamado de sanguinário, carniceiro, louco e outros adjetivos não menos sutis.

No entanto, no começo da década de 1980, o “Mal” atendia pelo nome aiatolá Khomeini, e Saddam era então o líder moderno e laico que poderia refrear a exportação da Revolução Islâmica que ameaçava os interesses econômicos do ocidente na região.

Através deste pequeno exemplo, podemos ressaltar a importância das emissões do rádio de ondas curtas para o entendimento dos acontecimentos mundiais, dentro do contexto histórico mais próximo a realidade.

Se você deseja saber mais sobre a história, a cultura, noticias e o ponto de vista do Irã, a melhor opção é ouvi-los diretamente, e através das ondas curtas. A Rádio Voz da República Islâmica do Irã está presente nas ondas curtas, em diversos idiomas, e para o nosso continente, transmite em espanhol a partir das 00:30 UTC na faixa de 31 metros em 9655 kHz e 9905 kHz, em duas emissões de uma hora.

Ouça a abertura do programa em espanhol da Radio Voz da República Islâmica do Irã
Abertura da Rádio Voz da República Islâmica do Irã

A sua página na internet pode ser facilmente acessada em www.irib.ir onde irib são as iniciais de Islamic Republic of Iran Broadcascating. O serviço mundial da Voz da República Islâmica do Irã transmite em diversos idiomas, e a sua página da Internet é publicada em 13 idiomas, incluindo o espanhol.

Este Momento Cultural foi uma breve viagem pelas ondas curtas do rádio neste país que é um dos berços da nossa civilização.

Abraços de Sarmento Campos e até o próximo encontro.



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Engenheiro Eletrônico, trabalha na área de TI e Telecomunicações e é aficcionado por tecnologia, e a prática da radioescuta
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